Maior reclamação da população é a falta de oportunidades de emprego.
Para os eleitores, o próximo prefeito terá de investir na criação de vagas e na capacitação
- É uma batalha, mas não dá para desistir - desabafou a desempregada Eva Paiva Barcelos, 28 anos, enquanto esperava pela abertura do Sistema Nacional de Emprego (Sine) de Santiago, às 13h30min da última segunda-feira. Com ela, outras sete mulheres aguardavam na fila para tentar uma das duas vagas de diarista e empregada doméstica disponibilizadas naquele dia.
Não foi a primeira vez que Eva entrou na fila do emprego. Aliás, ela freqüenta o local há um mês, quase que diariamente, à procura de uma oportunidade. Mas a falta de qualificação torna tudo mais difícil. Eva não tem curso técnico, assim como a maioria das pessoas que procuram o local. E é justamente esse o problema, afirma a coordenadora do Sine de Santiago, Sandra Cogo. As vagas existem, mas a mão-de-obra qualificada está em falta na cidade.
Para chegar ao Sine, Eva anda quatro quilômetros de sua casa até o Centro. A caminhada é a solução para poupar o R$ 1,60 da passagem do ônibus. A única fonte de renda dela e do marido, que também está desempregado, é o seguro-desemprego. Com os R$ 500 que a família recebe por mês, é preciso pagar aluguel, luz e água e ainda garantir o sustento dos gêmeos Luana e Luã, 4 anos, e da caçula Lucielene, 3.
Eva e o marido, Leandro Lacerda Amaral, 29 anos, chegaram na cidade há cerca de um mês. Viviam antes no interior de Santiago, trabalhando em uma fazenda. Pensando na educação dos filhos, o casal resolveu tentar algo melhor. Apesar da situação difícil, Amaral é otimista:
- Alguma coisa a gente vai arrumar, porque boa-vontade não falta para nós dois.
Força de vontade é uma característica comum aos cerca de 800 trabalhadores que procuram o Sine por mês na cidade. Basta olhar as estatísticas. Conforme a fundação, menos de 200 pessoas conseguem emprego por mês e, para quem não consegue, resta continuar na fila. De janeiro a junho deste ano, segundo a entidade, foram realizados 1.573 atendimentos. Desses, 383 foram colocados no mercado de trabalho. A resposta para o não-preenchimento de 1.190 vagas oferecidas nos seis primeiros meses do ano passa pela falta de mão-de-obra qualificada e pelas "indicações".
- Agimos como intermediadores entre o empregador e o empregado, mas uma das nossas maiores dificuldades é concorrer com a indicação de pessoas indicadas aos cargos que chegam ao Sine. Mandamos os candidatos, mas é provável que a contratação ocorra para aquele que já é conhecido do patrão - explicou a coordenadora do Sine de Santiago, Sandra Cogo.
Consenso - O casal Eva e Amaral é o caso típico de quem não consegue vaga pela exigência da qualificação. Eva estudou até a 5ª série do Ensino Fundamental, e, Amaral, até a 3ª. Um dos sonhos dela é conseguir fazer um curso de culinária para aprender a preparar receitas novas.
- Se eu souber fazer as comidas "finas", vou ter mais chance de conseguir um emprego melhorzinho e comprar as cadeiras e outros móveis que faltam em casa - sonha ela.
Perguntados pela equipe do Diário sobre qual era o principal desafio do próximo prefeito, os mais de 20 moradores da cidade responderam: emprego. É por causa da falta dele que muitas famílias vêem seus filhos deixar a cidade à procura de uma oportunidade e de melhor qualidade de vida. Para se ter uma noção disso, basta parar na rodoviária em dia de feriado. São cerca de 10 ônibus extras lotados de homens e mulheres que voltaram para rever parentes e amigos.
Fonte: Jornal Diário de Santa Maria do Grupo RBS - Jorn. FRANCINE CADORE/ Especial
Nota do Editor: É urgente para Santiago um Planejamento Estratégico para a geração de trabalho e renda, pois a população hipossuficiente necessita de qualificação e vagas de trabalho, pois aumentando indicadores sociais diminui a violência.
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