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terça-feira, 16 de novembro de 2010

A INSTALAÇÃO DO HIPERMERCADO CARREFOUR EM SANTA MARIA/RS

[Jornalista Simone Pinto Colombo MTB/RS 15.976]
A instalação do Carrefour não foi algo repentino, pois já havia intenção de colocar no local uma atividade que pudesse preservar o prédio em suas características históricas e de valor sócio-cultural, devido ao imenso valor que o edifício representa para a classe ferroviária e seus descendentes.
O proprietário do prédio senhor Elóy Saccol criou o Projeto Shopping Piratini ano 2005 e remeteu o mesmo para mais ou menos 30 firmas. Três empresas se manifestaram, entretanto, apenas o Carrefour teve interesse em manter o prédio com sua forma o mais preservada possível.
As modificações realizadas no prédio segundo Saccol, são exigências do tipo de comércio, e foi usada a parte do prédio que não possuía detalhes artísticos. Desse modo a identidade arquitetônica do prédio foi mantida. A transformação que foi realizada não afetou a parte artística e a capela.
As alterações realizadas no prédio passarão a integrar o patrimônio do proprietário a partir do décimo ano de contrato. O tempo de locação é de dez anos renováveis por mais quinze. Sendo que ao vencer os dez anos não há cláusulas que obriguem a permanência do Carrefour. A renovação contratual é automática.
Foram investidos dois milhões de reais na restauração do prédio. A própria empresa optou por não colocar o nome na fachada do Hugo Taylor para não alterar a estética do edifício.
A capela onde hoje funciona uma cafeteria foi restaurada tendo seus afrescos, vitrais e a porta entalhada completamente preservados. Conforme Saccol relata a empresa tem como política própria preservar o patrimônio cultural local onde instala suas lojas. Para Saccol esse foi fator determinante para que o contrato fosse realizado, pois não só pela população, mas também pelo que representa para Saccol e sua família, não seria concebível alterar os detalhes artísticos e históricos do prédio.
O valor simbólico, histórico e cultural do prédio permanece no imaginário da população santa-mariense, especialmente das famílias descendentes de ferroviários, que vêem sua identidade preservada através da materialidade arquitetônica do Edifício Hugo Taylor.
Para essa parcela da população este é um espaço sagrado juntamente com toda a Mancha Ferroviária. A contradição entre o sagrado como algo inatingível e que torna o homem possuidor de um espaço através de sua sacralização (Eliade, 1992), e o consumo sacralizado, (Pietrocolla 1986), passa a integrar o espaço.
O mesmo capital que se apropria do espaço e o transforma em algo diferente, neste caso serve para preservar a identidade histórica de uma classe proletária, que vê seu passado preservado através da revitalização de uma forma que permanece no espaço urbano como testemunho de um tempo, e ao mesmo tempo como espaço moderno que assume nova função para se ajustar aos processos econômicos globais e locais.

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