O debate entre os candidatos a prefeito de Santiago, foi transmitido pela Rádio Santiago, ontem pela manhã, através do programa Ponto de Vista, apresentado por Jones Diniz.
Na minha opinião, o debate foi marcado pelo equilíbrio no confronto de idéias entre os quatro candidatos. O que eu notei é que, do primeiro embate (não debate) entre eles, que ocorreu no painel da Ulbra, todos procuraram corrigir os erros, excessos, tom de voz, postura crítica etc. Cada qual, analisou os seus prós e contra daquele painel e aplicou aqui. Analisar um e outro é uma tarefa sempre complicada, de minha parte, uma vez que tenho níveis de amizade ou de cordialidade com cada qual dos candidatos. Os quatro são dignos de muitos elogios e se os candidatos a prefeito refletem um segmento de nossa sociedade, temos que nos dar por orgulhosos. Todos se saíram muito bem e isso reflete o nível de nossa própria sociedade. A cada comentário, ficava imaginando como seria bom se tanto Júlio Ruivo, Júlio Prates, Sandro Palma e Vulmar Leite tivessem a oportunidade de administrar a nossa cidade e colocar em prática as suas propostas. Se o mundo fosse perfeito e não houvesse o partidarismo, seria ótimo que independente da vitória de qualquer um, os outros três pudessem absorver um papel de secretário municipal para trabalhar em algum dos segmentos administrativos, pois os quatro são excelentes políticos. Infelizmente, as coisas não ocorrem desse modo e cada partido tem as suas regras, filiados, coronéis, caciques, apadrinhados etc, a preencher os cargos disponíveis. Numa sociedade mais civilizada (e isso falo num aspecto mundial), quem sabe, as coisas não ocorressem dessa forma? Mas, sendo o mais isento possível em minha avaliação pessoal, vou tecer breves comentários a respeito deste primeiro debate, lembrando que essa foi a minha opinião pessoal e intransferível e que cada leitor não se deixe levar por meus posicionamentos, comentários ou observações:
Sandro Palma- PTB- Se Sandro Palma foi o mais ameno no painel da Ulbra, aqui ele cresceu e ocupou muito bem os momentos em que esteve à frente do microfone. Foi diplomático, foi sentimental sem sem sentimentalista, falou de suas propostas e soube "atacar" a administração municipal com perguntas capciosas (como diria o Gibelino). Mas seus "ataques" ficaram no campo das idéias e isso trouxe riqueza ao debate, que pôde ser aprofundado a cada resposta. Na minha opinião, o Sandro foi o candidato que mais cresceu neste debate, em função de que havia deixado a desejar no encontro anterior promovido pela Ulbra. Desta forma, ele corrigiu algumas deficiências de seu discurso e foi mais sólido, desta vez. Antes de falar ao microfone, ele estava bastante nervoso e chegava a tremer, mas aos poucos foi se soltando e conseguiu defender bem os seus argumentos. Recebeu algumas críticas e soube ter postura para responder. Gostei, particularmente, da atuação do Sandro.
Ponto alto: a defesa dos investimentos na saúde, críticas a atual administração pela falta de uma política de geração de emprego. Também caiu muito bem aquele discurso de que Ruivo, Vulmar e Toninho já tiveram a oportunidade de administrar Santiago e que ele queria também ter essa experiência, fazendo referência aos milhares de santiaguenses que foram embora em busca de emprego e de oportunidades. Exemplificou a sua contribuição como vereador, citando a conquista da Justiça Federal, que já aplicou mais de R$ 3 milhões no município, o que demonstrou o resultado de seu empenho como vereador. Citou também o fato de ter trazido tantos recursos para cá quanto o deputado federal Heinze. Se, de um lado, há quem critique que vereador ou deputado não trazem recursos, de outro, o Sandro demonstra a vontade de trazer e de fazer e de trabalhar.
Ponto baixo: induzir o ouvinte a achar que as dificuldades do sistema de saúde são facilmente resolvíveis e que Júlio Ruivo só não fez mais porque não quis, ignorando a Lei de Responsabilidade Fiscal e as limitações orçamentárias, o que demonstrou falta de mais conhecimento da parte técnica.
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Júlio Prates- Que o Júlio se saiu bem na defesa de suas propostas no encontro da Ulbra, é indiscutível. Porém, não deixou de ser criticado por ter ficado nervoso em alguns momentos, quando questionou as regras do debate e levantou em suspeição a conduta da mediadora na ocasião (que segundo ele, era eleitora do Vulmar) e quando respondeu a provocações da platéia. Lembro que outra crítica feita a ele, naquele primeiro embate, era de que falou rápido demais, colocando uma enxurrada de idéias diante da platéia. Desta vez, Prates surgiu renovado, mais polido, mais tranquilo e falando de forma pausada e objetiva, o que certamente beneficiou a captação de sua mensagem por parte dos ouvintes. Logo em sua primeira pergunta, ele mostrou que não estava para brincadeiras e "partiu para cima" do candidato do PP, Júlio Ruivo, questionando a respeito de obras prometidas e não concluídas no plano de governo de Chicão. O Júlio foi inteligente, estratégico e provocativo a cada qual dos outros debatedores. Mostrou grande conhecimento técnico e administrativo, expondo com clareza as propostas do seu plano de governo. Outra habilidade de Prates era de inserir, mesmo fazendo perguntas aos adversários, as suas propostas aproveitando cada segundo de rádio disponível.
Ponto alto: falou de suas propostas de possibilitar internet gratuita para a população de Santiago, além de explanar sobre a industrialização do município através da mudança da matriz produtiva. Matreiro, chegou a perguntar a Ruivo o que este achava de sua idéia de oferecer internet gratuita, restando ao cortês Ruivo apenas avalizar a idéia. Também ganhou pontos ao questionar Vulmar a respeito do IPTU progressivo, somente citando o número da Lei, o que deixou o candidato do PSDB confuso e deu a entender que ele desconhecia uma lei importantíssima para a administração (aqui, Prates fez o mesmo papel que Garotinho fez contra Lula, em um debate, ao perguntar sobre um determinado imposto sobre os combustíveis, que Lula desconhecia a existência).
Ponto baixo: o excesso de referências ao governo Lula e a insistência em vincular Vulmar ao criticado governo Yeda Crusius.
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Vulmar Leite- Vulmar soube usar bem o seu tempo de microfone. Falou com autoridade e austeridade. Direcionou suas críticas principalmente ao candidato Júlio Ruivo, mantendo uma postura de cordialidade aos demais candidatos. Vulmar tem habilidade para falar e soube fazer as suas críticas com clareza, se referia ao candidato do PP como o "representante do continuísmo conservador" e lembrou, todas as vezes, que o PP ocupa a prefeitura há vários anos, sugerindo a alternância partidária. Falou de suas propostas, fez considerações a respeito de sua administração de 1993 a 1996, observando que as dificuldades administrativas naquela época eram grandes e, mesmo assim, registrou êxitos (ainda não existia a Lei de Responsabilidade Fiscal, por exemplo). Enfim, Vulmar demonstrou estar bem preparado para o debate, mostrando-se merecedor da liderança dos cinco partidos de oposição que lhe apoiam na eleição. Com um tom de voz aplicado, ele conseguiu passar ao ouvinte a idéia de que as coisas devem ter outro rumo administrativo e que isso seria salutar para o município. Conseguiu passar a idéia de segurança, fazendo a exemplificação com a sua própria experiência administrativa.
Ponto alto: a clareza na defesa de suas idéias. Para mim, que presenciei o debate ao vivo, era o máximo de ver o Vulmar se referindo ao "representante do continuísmo conservador" e ver o Ruivo com vontade de pular no pescoço do Vulmar (imagino quanto socos o Chicão não deve ter dado na mesa, ouvindo o debate). Não há dúvida de que Vulmar sabe discursar de forma convincente e que sua postura de seriedade lhe rende pontos, pois é assimilável.
Ponto baixo: ao responder questionamento de Júlio Ruivo, tentou induzir que a Câmara de Vereadores é que tinha sido responsável pelo aumento de impostos, na época em que foi prefeito e quando Ruivo era presidente da Câmara. Induziu os ouvintes a acharam que a Câmara e Ruivo eram os culpados pelo aumento. Ao responder dessa forma, desconsiderou os papéis tanto do Poder Executivo quanto do Legislativo, afinal, vereador não possui a prerrogativa de de aumentar ou baixar impostos, apenas aprova ou desaprova uma Lei que é enviada pelo Executivo. Sendo assim, "lavou as mãos" a respeito de uma ação que tinha sido exclusiva do prefeito, ao invés de justificá-la de outra forma. Outra, é que ele parece aplicar o mesmo discurso (empoeireado agora) de quando concorreu em 1992.
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Júlio Ruivo- Ele era o principal alvo, pois como diz o Vulmar "é o representante do continuísmo" e, por isso, estava ali para receber pedras de todos os lados, mas conseguiu se sair bem a cada intervenção. Se durante oito anos em que esteve como vice-prefeito, Ruivo era visto como "quieto", "tímido" e de "bastidores", neste debate ele mostrou porque merece estar à frente de sua chapa. Foi bastante claro e convincente ao defender a administração do PP, mostrou o preparo de vinte anos na vida pública. Soube responder as críticas de forma objetiva e sempre muito diplomática. Soube pontuar muito bem o debate com algumas "mensagens subliminares", que certamente foram captadas pelos ouvintes e isso ajuda a definir cada qual dos adversários. Ao Sandro, ele repetiu algumas vezes que ele "iludia" as pessoas ou que "mentia" sobre alguma coisa. Ao Vulmar, fez considerações a respeito do aumento de impostos e também de uma postura persecutória (para em seguida dizer que chegava de ditadores na prefeitura, traçando um perfil de seu oponente para o ouvinte). Para Prates, ele indagou como este teria sido tratado pela atual administração, revelando que este teria relações comerciais com a prefeitura (o que não foi negado por Prates,que até se obrigou a falar a respeito da postura diplomática de setores do PP para com ele), o que fez um paralelo com uma crítica do próprio Prates a Vulmar, com relação a imprensa (uma coisa casou com a outra). Júlio Ruivo foi "costurador", não deixando pontas soltas. Ele soltava uma idéia aqui, para mais adiante casar com outra ali. Ouvia atentamente o discurso de seus oponentes, para mais adiante fazer referência sobre aquilo. Mostrou preparo e inteligência.
Ponto alto: a tranquilidade em seu discurso e a forma simples (sem ser simplista) com que se posicionou a respeito dos diversos temas, sendo bastante claro e obtendo fácil identificação com os ouvintes e o momento em que colocou Vulmar na "prensa" a respeito de aumento de impostos.
Ponto baixo: Confundiu Ulbra com URI e considerou que alguns projetos não concluídos agora, seriam concluídos pela sua gestão. Ocorre que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa (como poderia ter dito Einstein ao explicar a teoria da relatividade). Ao admitir que a atual gestão não concluirá determinadas obras acabou passando sem querer a idéia de falha administrativa. Porém, salvou-se porque esse assunto não foi explorado pelos oponenentes.
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FOTO, ANÁLISE E COMENTÁRIOS FEITAS PELO JORNALISTA MÁRCIO BRASIL http://www.marciobrasil7.blogspot.com
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