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sexta-feira, 21 de março de 2008

Poesia do Aureliano


O CANTO DO GURI CAMPEIRO

A galope e cantando o gurizito
reponta o gado monarqueando o zaino
antes que a noite estas coxilhas tome.
Canta uma toada alegre o campeirito
e os cascos do seu zaino folheirito
vão machucando tanta flor sem nome.

Teu canto claro de guri campeiro
vibra ao longe no campo ao entardecer.
É uma canção esplêndida e atrevida,
viril e jovem afirmandoa vida
na hora do crepúsculo morrer.

Afirma que esta noite é um acidente
e outro dia trará seja o que for.
Tua voz antecipa outra aurora.
Canta guri campeiro, campo fora!
Teu canto é o hino da querência em flor.

Teu canto avulta contra o poente em fogo.
Vulto eqüestre e a galope... A voz se expande
como os clarins de uma vanguarda guapa:
- Renascerá de uma raiz farrapa
nas manhãs de outros sóis, velho Rio grande!

Fontes:
1) PINTO, Aureliano de Figueiredo, 1858-1958. Romances de Estância e Querência :Marcas do Tempo. 2. ed. Porto Alegre, Martins Livreiro, 1981.
2) CD Noel Guarany Canta Aureliano de Figueiredo Pinto. Música: O Canto do Guri Campeiro

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